4 tendências contra a lavagem de dinheiro
Por Jorge Iglesias*
Imagine que um banco identifique uma transferência de altos valores na conta de um cliente que não tenha renda compatível para aquela transação. Diante desse sinal de alerta, a instituição financeira precisa monitorar e, se necessário, investigar para ter certeza de que não se trata de uma movimentação ilícita.
Bancos e outras instituições financeiras que não tratam do assunto de lavagem de dinheiro podem ser severamente punidos com multas, caso seja identificada alguma irregularidade. Além de comprometer sua reputação, a instituição pode ser forçada, em casos mais graves, a encerrar suas atividades. É preciso estar atento ao cumprimento de todas as regulamentações que visam identificar e combater a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo.
A quantidade de dinheiro lavado no mundo gira em torno de 2% a 5% do Produto Interno Bruto (PIB) a cada ano. Cerca de 800 bilhões de dólares são lavados todos os anos no mundo, o equivalente ao PIB brasileiro. Segundo dados da Polícia Federal brasileira, de R$ 123 bilhões apurados por investigadores em crimes cometidos por quadrilhas, R$ 69,5 bilhões correspondem a infrações financeiras.
Não é por acaso que Grupo de Ação Financeira da América Latina (GAFILAT) explica nas “40 Recomendações do GAFI” o porquê é necessário fazer parte de uma visão conjunta para combater adequadamente os crimes de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo (LD/FT) que, essencialmente, envolvem redes transnacionais que transgridam todo tipo de fronteiras e ofusquem qualquer esforço individual isolado.
A GAFILAT, em seu plano estratégico 2020-2025, ainda estabelece que, nos próximos anos, novas tecnologias e risco digital representarão os principais desafios a serem enfrentados em questões de lavagem de dinheiro. Além disso, como principais ameaças e tipologias para a região latina, a instituição aponta ações relacionadas a ativos virtuais, mineração ilegal, tráfico de pessoas, corrupção pública e privada, tráfico de armas e crimes ambientais.
A partir de agora, as equipes de compliance estarão ainda mais pressionadas para mostrar eficiência, uma vez que as instituições financeiras buscam mitigar o impacto gerado após dois anos da pandemia.
Assim sendo, destaco quatro tendências contra a lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo para que as organizações tenham mais efetividade no combate a esses males.
1 – Novo limite de monitoramento para transações suspeitas
Bancos e outras instituições financeiras foram forçados a aumentar suas operações para cumprir as novas medidas de redução do limite de transações suspeitas para monitorar qualquer transação que precise ser investigada manualmente.
Em 2022, uma abordagem de IA baseada em riscos, que atenda às necessidades de bancos e instituições financeiras para informações contextuais atualizadas sobre suas transações, permitirá:
- Rastrear e analisar essas informações de forma inteligente;
- Classificar as transações com base em quão suspeitas elas são dentro do
contexto;
- Aumentar as habilidades e o conhecimento dos combatentes do crime financeiro com inteligência artificial e tecnologia de machine learning.
2 – Gerenciamento automatizado de perfis com requisitos de Know Your Customer (KYC)
Em 2022, de acordo com a Latino Inversores, veremos um grande número de normas regulamentares em vigor canalizadas em ativos virtuais, carteiras de custódia, moedas fiduciárias, cartões pré-pagos e os requisitos de KYC relevantes para essas áreas. Por isso, serão necessárias tecnologias mais inteligentes para a gestão e administração automatizada de perfis, além de um controle online automático das listas de suspeitos que garantam um profundo conhecimento do cliente.
A inteligência artificial permitirá detectar anomalias e identificar novos esquemas de localização e, em seguida, agrupar certos autores de ameaças. Isso, por sua vez, fará com que que as vítimas – usuários finais e empresas do setor – do processo de lavagem de dinheiro ganhem visibilidade em todo o fluxo ilícito.
As ferramentas de antilavagem de dinheiro (ALD) que incorporam inteligência artificial e machine learning já são capazes de proceder de acordo com o comportamento histórico, padrões previamente analisados e detecção de anomalias diante do aumento das moedas virtuais e a crescente demanda por serviços de banco digital.
Uma dessas táticas é maior transparência em torno dos proprietários beneficiários finais (Ultimate Beneficial Ownership – UBO), com o apoio para que os registros de UBO continuem acelerando-se nos próximos meses.
3 – Uma nova onda de colaboração e inovação nos círculos de Anti-Money Laundering (AML)
A colaboração entre parceiros oferece uma vantagem no alcance das metas de prevenção de crimes financeiros e no desenvolvimento de programas e soluções eficazes. A criação acelerada de instituições e supervisores de Anti-Money Laundering (AML) – Prevenção à lavagem de dinheiro (PLD), em português – em todo o mundo buscará conquistar níveis mais altos de colaboração e inovação nos círculos de AML.
4 – Inteligência artificial para novas infraestruturas digitais remotas
O desenho das informações de continuidade de negócios deve ser devidamente examinado e os aplicativos devem ser revistos com toda uma força de trabalho remota em mente.
Sistemas com tecnologia de inteligência artificial relacionada à lavagem de dinheiro são facilitadores nessas tarefas à medida que se tornam mais humanos, o que reduz a necessidade de confirmação humana. A IA já capacita os pesquisadores humanos a reagir de forma mais eficiente e acelerar os aspectos da AML na gestão do cliente.
O uso de inteligência artificial ou robótica que não substitui o humano é uma base para integrar esforços e ter os dados em perfeitas condições.
Além das tendências, também menciono vantagens competitivas para as instituições financeiras que investem em soluções de AML:
- Experiência superior do cliente;
- Capacidade de atrair talentos de primeira linha;
- Escalabilidade;
- Redução do risco de reputação;
- Maior eficiência;
- Preparação para se adaptar a novas regulamentações.
E sua empresa, já pensou em investir em soluções de AML? Lembre-se: a necessidade de estar atento ao cumprimento de todas as normas que buscam prevenir, identificar e combater a lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo é diária.
*Jorge Iglesias é CEO da Topaz, empresa do Grupo Stefanini especializada em soluções financeiras e com atuação em mais de 25 países.
Uma das maiores empresas de tecnologia especializada em soluções financeiras digitais da América Latina, parte do Grupo Stefanini, com a 1ª plataforma full banking do mundo.
A indústriafintech representa uma onda de inovação que vem transformando a indústriafinanceira nos últimos anos. A nova era de pagamentos nos permite pagar usando o telefone celular, transferir dinheiro para amigos sem visitar um banco egerenciar nossasfinanças a partir de aplicativos intuitivos e acessíveis.
O International Financial Reporting Standard 9 (IFRS 9) foi implementado com o objetivo de trazer maior transparência e consistência aos relatórios financeiros de instituições que lidam com instrumentos financeiros. No Brasil, a sua adoção representou um desafio significativo para o setor financeiro, dada a complexidade das novas exigências e a necessidade de uma gestão de riscos mais proativa.
No vertiginoso mundo das finanças modernas, a tecnologio blockchain emergiu como um farol de inovação e segurança. Seu impacto não se limita apenas a melhorar processos existentes, mas promete redefinir como concebemos e executamos transações na era digital.